quinta-feira, 5 de julho de 2012

Entrevista com Salif Sadio, líder dos rebeldes independentistas de Casamança


A guerrilha gesticula, a Gâmbia se incomoda.

* Extracto do artigo dado ao interessa que tem para a Guiné-Bissau

Salif Sadio, um dos chefes da facção do braço armado do Movimento das Forças Democrâticas da Casamança (MFDC), em guiza de resposta aos sinais de abertura dada pelo Presidente Macky Sall aquando de uma das sessões da sua presidência aberta realizada a cabo, a partir de Ziguinchor, propõe antes de mais, a realização de negociações fora do continente africano sob os auspicios da comunidade cristã de Santo Egidio.

Em jeito de alerta, que o «direito imemorial da Casamança à independência nacional é um direito real, absoluto, inalienavel, imprescritivel, não negociavel...» . Uma declaração difundida pelas radios Zig-Fm e RFI que realizaram a entrevista nas matas casamancesas. Um discurso musculado que decerto criou animos nas hostes da guerrilha, segundo fontes concordantes, mas que também não deixou de incomodar as autoridades gambianas segundo as mesmas fontes.

Salif Sadio, o autoproclamado general da Atika, o braço armado do MFDC, ensaia de novo uma comunicação politica de chefe de guerra apos aquela tentada em 2005 quando ele sentiu que estava a perder o controlo da situação e que a sua estratégia e aspirações independentistas não corriam de feição.

(...)

A nova intervenção publica do chefe de guerra da casamança não deixa de criar embaraços nos meios diplomaticos sub-regionais, nomeadamente gambianos e bissau-guineenses, os quais os seus territorios são recusados de facto pelo general autoproclamado da Atika. Elle convida o estado senegalês, seu unico interlocutor, a aceitar de se sentar à mesa com o MFDC em terreno neutro, isto é, fora de Africa, dado que, depois de 1982, foi o que se viu e se sabe : « gozam connosco, levam ora em Gâmbia, ora em Bissau, como se fossemos carneiros ».

Que não lhe lembrem a disponibilidade do pais hospede, a Gâmbia, muito menos à Guiné-Bissau. A resposta que deu sobre esses dois paises foi aspero e, dito com firmeza como se fosse uma ideia maduramente formada hà longa data : «  a Gâmbia e a Guiné-Bissau entabularam uma mediação conjunta que não deu em nada. Por outro lado, a Guiné-Bissau, não pode ser, ao mesmo tempo parte envolvida e mediador. Não foi a Guiné-Bissau que coaligou com o Senegal, digo bem, se coligou com o Senegal, para virem fazer guerra contra as tropas do MFDC » Perguntou em tons enérgicos e revoltados o chefe de guerra da Atika.

A Gâmbia que é acusada pelo Senegal de ser apoiante de Salifo Sadio, igualmente, não pode levar uma mediação fiavel no processo, conclui ele de forma firme.

A Gâmbia incomodada.

Sera que Salifo Sadio está a distanciar-se do presidente gambiano, Yaya Jammeh, considerado até a presente seu protector e um dos seus mais seguros apoiantes ? Sud Quotidenne, salienta que, Yaya Jammeh, poucos dias apos a visita do presidente Macky Sall a Banjul, exigira a libertação dos prisioneiros senegaleses sem sucesso. A prova disso, o chefe de guerra não deixou de exibir os seus prisoneiros de guerra perante os jornalistas senegaleses que, segundo as suas palavras, « comem e são tratados melhor que ele ». Sera que, Salifo Sadio dispõe de meios de coerção contra o seu hospede gambiano para se ficar incolume a esse pedido néao satisfeito de Yaya Jammeh ? Diz-se , que o chefe de guerra da casamança dispõe de um arsenal de guerra impressionante e ligações sub-regionais e internacionais que da impressão que podera dispensar o seu aliado gambiano. Quiça este estado de coisas, esteja ligado ao receio difundido na imprensa sobre a eventualidade de um golpe de estado na gâmbia.
(...

A tentativa de « internacionalizar » de novo a crise da casamança cria sérios riscos de agravar a questão maliana e bissau-guineense, assim como as resoluções firmes da CEDEAO no quadro de resoluçéao de conflitos. Junta-se a isso a firmeza do chefe de estado senegalês que, recebendo recentemente uma comunidade cassamansesa que lhe renderam visita e fazer parte de cerimônias culturais e de culto tradicionais, sublinhou toda a absurdidade do conflito, reafirmando aos seus interclocutores que « nenhum presidente senegalês dara alguma vez a independência à Casamança mesmo se essa guerra dure 300 anos.

Fonte - Sud Quotidene – 04/07/2012)

Minha Nota: Os dados estão lançados e fica o aviso sério aos usurpadores do poder na Guiné-Bissau, que estão em surdina e movidos por vis interesses materiais, a negociar, mais uma vez, o envolvimento dos nossos militares na guerra entre o MFDC e o exercito senegalês, como se de um grupo de mercenarios se tratasse. Um último registo a ter em conta : os rebeldes casamanseses que tratavam os cidadãos guineenses com particular deferência como « irmãos » aquando dos varios assaltos que têm levado a cabo pelo Senegal adentro, são agora mais maltratados do que os proprios senegaleses. AAS